Coesão textual
A coesão textual é a característica de conectar as palavras, frases e parágrafos do texto, conferindo-lhe uma unidade semântica, que é o que permite ao leitor entendê-lo como uma unidade comunicativa. A coesão pode ser dividida em dois grupos, os quais definem seus dois movimentos principais, a saber: coesão referencial e coesão sequencial. No primeiro tipo, pretende-se retomar termos citados anteriormente, enquanto no segundo pretende-se dar progressão temática ao texto.
Além disso, é possível classificar os tipos de coesão a partir das estratégias que utiliza para estabelecer a relação entre as partes. Algumas das principais estratégias coesivas são a coesão lexical, coesão por elipse, coesão por substituição e coesão por conectivos. Os elementos coesivos, termos que servem para promover a conexão entre as partes do texto, são: conjunção, preposição e advérbio, com suas respectivas locuções e os pronomes.
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Resumo sobre coesão textual
- A coesão textual é a características de conectar as palavras, frases e parágrafos do texto, conferindo-lhe uma unidade temática.
- A coesão pode ser dividida em dois grandes grupos, a coesão referencial e a coesão sequencial.
- A coesão referencial refere-se aos processos de retomada de termos citados anteriormente.
- A coesão sequencial refere-se aos processos de progressão temática, ou seja, estratégias de aprofundamento e desenvolvimento do tema.
- As estratégias de coesão referencial e sequencial são: a coesão lexical; a coesão por elipse; a coesão por substituição; e a coesão por uso de conectivos.
- Os elementos de coesão textual são as conjunções e locuções conjuntivas; preposições e locuções prepositivas; advérbios e locuções adverbiais; e os pronomes.
- A coesão refere-se à conexão entre as palavras, frases e parágrafos do texto, conferindo-lhe unidade; já a coerência refere-se à construção de sentido do texto, por meio da relação entre elementos linguísticos e extralinguísticos.
Videoaula sobre coesão textual
O que é coesão textual?
A coesão textual pode ser compreendida como a propriedade do texto de conectar as palavras, frases, parágrafos, a fim de relacionar suas diferentes partes e, com isso, construir um sentido global, que se unifica em um todo, o texto. Assim, essa característica materializa-se a partir dos recursos linguísticos da língua, os quais vão retomar, referir, substituir termos, ao mesmo tempo em que irão ampliar, acrescentar e aprofundar o tema por meio da progressão temática.
Quais os tipos de coesão textual?
A coesão textual pode ser dividida, primeiramente, em dois grandes grupos. São eles:
- Coesão referencial: refere-se a todas as estratégias coesivas que atuam na retomada de termos citados anteriormente no texto.
- Coesão sequencial: refere-se a todas as estratégias coesivas que atuam na progressão temática das ideias apresentadas no texto.
Além disso, há as estratégias de coesão textual, que podem ser classificadas em:
- Coesão lexical: refere-se ao uso de palavras com aproximação semântica no texto, conferindo-lhe uma unidade temática.
A escola é um ambiente que deve centrar-se na formação integral dos estudantes, não apenas apresentando-lhes conteúdos, mas também auxiliando-os a desenvolver pensamento crítico e responsabilidade cidadã.
Observe que as palavras destacadas no trecho acima reforçam a relação das partes com o assunto ou campo temático do texto, nesse caso, a educação.
- Coesão por elipse: refere-se ao ocultamento de alguns termos que podem ser recuperados pelo contexto, sem causar prejuízo semântico, evitando repetição desnecessária.
A escola é um ambiente que deve centrar-se na formação integral dos estudantes, não apenas apresentando-lhes conteúdos, mas também auxiliando-os a desenvolver pensamento crítico e responsabilidade cidadã.
Observe que os verbos destacados no trecho não apresentam um sujeito explícito, mas que pode ser facilmente recuperado no contexto, ou seja, “a escola”.
- Coesão por substituição: refere-se à retomada de termos anteriores por outros vocábulos que tenham aproximação semântica ou ainda por elementos gramaticais como pronomes, advérbios etc.
A escola é um ambiente que deve centrar-se na formação integral dos estudantes, não apenas apresentando-lhes conteúdos, mas também auxiliando-os a desenvolver pensamento crítico e responsabilidade cidadã.
Observe que os pronomes destacados no trecho acima estão substituindo o referente “estudantes”, evitando sua repetição desnecessária e conferindo conexão e unidade ao texto.
- Coesão por uso de conectivos: refere-se ao uso de conjunções, preposições, locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas como recursos para estabelecer conexão entre as frases, parágrafos e ideias do texto, garantindo conexão e progressão temática.
A escola é um ambiente que deve centrar-se na formação integral dos estudantes, não apenas apresentando-lhes conteúdos, mas também auxiliando-os a desenvolver pensamento crítico e responsabilidade cidadã.
Observe que as locuções destacadas no trecho acima servem para indicar um valor aditivo entre as duas orações, ao mesmo tempo em que promovem um realce para essas informações, contribuindo para progressão temática.
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Elementos da coesão textual
- Conjunções e locuções conjuntivas: cumprem o papel de conectar orações e frases, além de estabelecer relação entre os parágrafos. São responsáveis por garantir a progressão do tema.
- Preposições e locuções prepositivas: estabelecem conexão entre as palavras das orações e frases, indicando diferentes relações de sentido entre os termos, construindo assim uma cadeia semântica para o texto.
- Advérbios e locuções adverbiais: acrescentam aspectos e circunstâncias às frases, também servindo para estabelecer relações de sentido entre as partes do texto.
- Pronomes: classe de palavras que atua principalmente na substituição de termos anteriores, auxiliando na fluidez do texto.
Coesão x coerência textual
A coesão textual refere-se à propriedade do texto de conectar suas diferentes partes (palavras, frases e parágrafos) com o intuito de estabelecer uma comunicação harmônica entre elas e, com isso, garantir a unidade semântica do texto. A coerência, por sua vez, é uma propriedade que se refere- a aspectos linguísticos e extralinguísticos, caracterizando a relação lógica entre o conteúdo, a estrutura e a função do texto, a fim de que este apresente sentido ível ao leitor.
Dicas para escrever com coesão
Para escrever textos coesos, é fundamental garantir que todas as suas partes estejam devidamente conectadas. Além dos cuidados listados abaixo, é importante revisitar o texto e avaliar se a primeira versão escrita foi suficiente para estabelecer uma relação harmônica e satisfatória.
Para melhorar a coesão textual, recomenda-se:
- usar palavras que tenham aproximação semântica;
- evitar a repetição de termos na mesma frase ou parágrafo;
- utilizar conectivos entre frases e entre parágrafos;
- substituir palavras por pronomes, sinônimos ou outros termos que possam retomar um termo anterior;
- aplicar os advérbios e locuções adverbiais para modalizar as afirmações e conectar as ideias.
Importância da coesão
A coesão é quem estabelece conexão entre as partes do texto, ou seja, é ela quem garante que o texto não é um amontoado de fragmentos, mas um conjunto relacionado de ideias. Assim, segundo Irandé Antunes, a principal contribuição da coesão é garantir a continuidade do texto, permitindo que o tema seja desenvolvido em diferentes partes, sem, com isso, estarem desconectadas entre si.
Exercícios sobre coesão textual
1. (Idecan)
PROFETA DO BEM E DO MAL
VILMA GRYZINSKI
Alexander Soljenítsin enfrentou a URSS e detestou o Ocidente
Dentro da grande tradição russa, Alexander Soljenítsin foi um fabuloso escritor, mas também um profeta, uma combinação de mente e espírito capazes de captar os círculos da água eterna que se projetam para o que achamos ser o futuro. “Na percepção do meu coração, não existe espaço para um conflito Rússia-Ucrânia e se, Deus nos livre, a questão chegar a isso, posso afirmar com certeza: jamais, em nenhuma circunstância, tomarei parte num confronto russo-ucraniano ou permitirei que meus filhos o façam - não importa o quanto os imprudentes destemperados tentem nos arrastar para isso.” Ele escreveu isso em 1981. Tinha convivido com prisioneiros ucranianos no Gulag e aprendido com seu sofrimento sob Stálin.
Era também impossível. Expulso pela União Soviética em 1974, ele deveria ter se extasiado com o Ocidente, chorado diante da fartura das prateleiras de um supermercado americano - aconteceu com outros exilados do comunismo - e louvado o papel dos Estados Unidos na defesa das liberdades. Fez exatamente o contrário. Sua crítica ao modelo de democracia liberal é uma das mais radicais que existem. No famoso discurso de abertura do ano letivo em Harvard, em 1978, ele fez considerações que merecem ser lembradas cada vez que procuramos um olhar complexo e diversificado sobre o mundo. Numa crítica premonitória, anotou que, em reação ao ado de colonialismo, “as relações com o antigo mundo colonial viraram para o extremo oposto e o mundo ocidental agora frequentemente exibe um excesso de obsequiosidade” com os ex-colonizados - alguém já viu a nova onda “descolonizadora” nos círculos intelectuais das esquerdas hoje em dia? Enfiando a faca mais fundo, o escritor anotou que “um declínio da coragem pode ser a característica mais marcante que um observador de fora nota no Ocidente hoje”. Mencionou a coragem cívica. Imaginem a cara da fina flor de Harvard ao ouvir que “esse declínio na coragem é particularmente perceptível entre as elites governantes e intelectuais”. Teve mais: “A defesa dos direitos individuais atingiu tais extremos que tornam a sociedade como um todo indefesa diante de certos indivíduos”. Na sua visão, havia um excesso de condescendência com o crime - alguém já ouviu falar em tratar criminosos como vítimas da sociedade?
Teria o grande Soljenítsin deixado de perceber as nuances do pensamento ocidental, as fraquezas que fazem sua força e sua criatividade, a capacidade de regeneração mesmo de sociedades altamente consumistas ou excessivamente indulgentes? “A inclinação da liberdade na direção do mal aconteceu gradualmente, mas evidentemente deriva de um conceito humanista segundo o qual o homem - o mestre desse mundo - não carrega nenhum mal dentro de si e todos os defeitos da vida são causados por sistemas sociais equivocados que, portanto, precisam ser corrigidos.”
Qual intelectual hoje ousaria falar em mal ou bem? Soljenítsin falava. Escreveu ele em Arquipélago Gulag: “Gradualmente me foi revelado que a linha separando o bem do mal a, não entre estados, não entre classes, nem entre partidos políticos - mas diretamente através de cada coração humano. Dentro de nós, oscila com o ar dos anos. E mesmo nos corações tomados pelo mal, uma pequena cabeça de ponte do bem permanece. E mesmo no melhor dos corações, permanece um canto intacto do mal”. Não é de arrepiar?
Revista Veja – 27/09/2024
Ao final do primeiro parágrafo, no trecho “não importa o quanto os imprudentes destemperados tentem nos arrastar para isso.”, o pronome em destaque se refere a
A) um conflito Rússia-Ucrânia.
B) apoiar a Ucrânia em um confronto russo-ucraniano.
C) apoiar a Rússia em um confronto russo-ucraniano.
D) permitir que os filhos vivam na Rússia ou na Ucrânia.
Comentário: Letra A. O pronome “isso” serve para retomar o conflito entre a Rússia e Ucrânia, já citado anteriormente no parágrafo, apontando para o fato de que o autor não irá se envolver nessa tensão, ao mesmo tempo em que evita repetir as expressões já utilizadas no texto.
2. (Fuvest) Texto para a questão
Recado ao senhor 903
Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal — devia ser meia-noite — e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a lei e a polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, os e música no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a leste pelo 1005, a oeste pelo 1001, ao sul pelo oceano Atlântico, ao norte pelo 1004 ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 — que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão, ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas — e prometo silêncio.
... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho e come de meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela".
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
BRAGA, Rubem. In: Para gostar de ler. v. 1. São Paulo: Ática, 1996.
Neste trecho em que o autor escreve “... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho e come de meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela". O conectivo destacado é um elemento de coesão textual que indica
A) conclusão, já que apresenta o desejo do narrador viver outra experiência para promover a solidariedade.
B) adição, pois conecta a oração à ideia de uma mudança imediata que transformará a realidade dos moradores.
C) explicação, uma vez que esclarece a mudança de vida necessária a todos os residentes daquele condomínio.
D) oposição, visto que revela o contraste entre uma vida regrada e o desejo de viver mais espontaneamente.
E) exclusão, porque os condôminos podem escolher uma vida repleta de regras ou uma mais simples.
Comentário: Letra D. A conjunção “mas” estabelece uma conexão entre dois parágrafos e aponta para a oposição entre o entendimento e concessão em relação ao silêncio e o desejo de outras possibilidades de vida e de relacionamentos, nas quais a diversão e a alegria fossem mais espontâneas.
Fontes:
Antunes, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. 3. ed. São Paulo: Parábola, 2007.199.p.
Martins, D. S.; Zilberknop, L. S. Português instrumental. 26.ed. São Paulo: Atlas, 2007.
