Martins Pena

Martins Pena (1815-1848) foi um escritor conhecido pela dramaturgia. É o pai da comédia de costumes no Brasil e fez sucesso com suas peças críticas e bem-humoradas.

Martins Pena foi um escritor brasileiro do século XIX conhecido por suas peças de teatro. Apesar de cronologicamente estar na segunda geração do romantismo, seu humor, sátira e crítica social aproximam-no da terceira. Ele escreveu cerca de 30 obras, muitas das quais são lidas e encenadas até hoje. Uma de suas peças mais famosas é O Noviço, publicada em 1853. Ele é patrono da cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras. Morreu precocemente, com 33 anos, de tuberculose.

Leia também: Junqueira Freire — poeta ligado à 2ª geração do romantismo brasileiro

Resumo sobre Martins Pena

  • Nasceu em 5 de novembro de 1815 no Rio de Janeiro.

  • Ficou órfão de ambos os pais.

  • Formou-se em Comércio em 1835.

  • Estudou na Academia de Belas Artes.

  • Consagrou-se na escrita de teatro, principalmente da comédia de costumes.

  • É conhecido por seu humor e suas críticas sociais.

  • Ganhou evidência com a peça O juiz de paz na roça (1838).

  • Teve um breve envolvimento com a diplomacia.

  • Faleceu precocemente de tuberculose.

  • É patrono da cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras.

Biografia de Martins Pena

Luís Carlos Martins Pena nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 5 de novembro de 1815. Ele era filho de João Martins Pena e Francisca de Paula Julieta Pena, mas ficou órfão de pai com um ano e de mãe aos dez. Assim, foi criado por tutores que o incentivaram a ter uma vida voltada para o comércio.

Após formar-se no curso de Comércio em 1835, entrou na Academia de Belas Artes, onde estudou Arquitetura, Literatura e Teatro, além de dedicar-se à pintura. Foi lá que teve contato com professores ses provenientes da missão cultural no Brasil. Também aprendeu outras línguas, o que facilitou seu ingresso na vida diplomática: três anos depois, começou a trabalhar no Ministério dos Negócios Estrangeiros e chegou a ser parte da Legação do Brasil em Londres.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Foi na produção de teatro que ele se consagrou como fundador da comédia de costumes. A comédia de costumes é um gênero teatral que surgiu na França, no século XVIII, e retrata, satiricamente, os costumes de uma sociedade, com suas regras, moral e a violação delas. A sátira e o humor são parte desse gênero, e seu principal autor é o francês Molière (1622-1673).

Pena ganhou evidência nessa área em 1838, quando sua peça O juiz de paz na roça (1838) foi encenada. A partir de então, escreveu cerca de 30 peças, das quais 20 foram publicadas, e alguns dramas (que não foram muito bem recebidos). Ele obteve sucesso imediato, principalmente pela relação bem-humorada que suas obras tinham com a realidade sócio-histórica. Ele presenciou e retratou momentos importantes, como a Independência do Brasil (1822) e a abdicação de D. Pedro I (1831), que foi representada em seu primeiro conto, “Um episódio de 1831” (1838).

De 1846 a 1847, escreveu críticas teatrais para o Jornal do Comércio, cujos textos foram reunidos e publicados posteriormente. Entretanto, faleceu precocemente em 7 de dezembro de 1848, com 33 anos. Pena contraiu tuberculose e faleceu em Lisboa, tentando voltar para o Brasil.

  • Martins Pena na Academia Brasileira de Letras

Martins Pena é o patrono da cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele foi escolhido postumamente pelo fundador Artur Azevedo (1855-1908) por sua obra e a influência dela. A ABL foi fundada em 1897 e segue homenageando grandes intelectuais da área de Letras.

Características literárias de Martins Pena

Mesmo estando cronologicamente inserido nas produções da segunda geração do romantismo brasileiro, a escola literária da época, suas temáticas são mais próximas do que viria a ser a terceira geração, com as denúncias sociais e a diminuição da idealização.

São características das obras do autor:

  • crítica social (principalmente da independência do Brasil, recém-conquistada);

  • sátira;

  • humor;

  • foco em personagens populares e de áreas rurais;

  • uso de personagens-tipo (aqueles que representam um estereótipo, como de uma profissão, nacionalidade, posição social etc.);

  • temas recorrentes: farsas, casamentos, heranças, dívidas e intrigas.

Leia também: Romantismo no Brasil — fases, autores, obras

Principais obras de Martins Pena

  • Vitiza ou O Nero de Espanha (1841)

  • O juiz de paz da roça (1838)

  • A família e a festa na roça (1840)

  • O Judas no Sábado de Aleluia (1844)

  • O namorador ou A noite de São João (1845)

  • A barriga do meu tio (1846)

  • Os ciúmes de um pedestre (1846)

  • As desgraças de uma criança (1846)

  • O dilletanti (1846)

  • Os meirinhos (1846)

  • Um segredo de Estado (1846)

  • O caixeiro da taverna (1847)

  • Os irmãos das almas (1847)

  • Quem casa quer casa (1847)

  • O noviço (1853)

  • Os dois ou O inglês maquinista (1871)

  • Comédias (1898)

  • Teatro de Martins Pena, 2 vols. (1965)

  • Folhetins: a Semana Lírica (1965)

O Noviço (1853)

O Noviço, peça encenada em 1845 e publicada oito anos depois, é uma das poucas de Martins Pena com três atos. Ela é do gênero da comédia e ainda é encenada atualmente. A narrativa começa com a história do casamento de Ambrósio, interesseiro, e Florência, uma viúva rica e mãe de Emília, Juca e tutora de Carlos. Este último, seu sobrinho, é o protagonista, o noviço. Apesar de endiabrado, é enviado ao convento por decisão de sua tia, influenciada pelo novo marido.

Com o plano de ficar com todo o dinheiro da família, Ambrósio também tenta colocar Emília em um convento para evitar o pagamento do seu futuro dote. Carlos, contudo, foge, já que quer seguir uma carreira militar e é apaixonado pela prima. Outra reviravolta acontece com o surgimento de Rosa, a primeira mulher de Ambrósio e da qual nunca se separou (não havia divórcio na época), contando que o marido havia fugido com seu dinheiro. Assim, conseguem salvar Emília e Juca (que parecia ter o mesmo destino do primo), e o casal obtém o matrimônio. Finalmente, Ambrósio é preso.

Essa é uma das obras mais conhecidas de Martins Pena, e sua construção é muito elogiada. Ela reflete características de sua escrita, como o humor, personagens-tipo e os temas de matrimônio e intrigas no amor.

O escritor e dramaturgo Martins Pena (1815-1848), conhecido pela comédia de costumes.
O escritor e dramaturgo Martins Pena (1815-1848), conhecido pela comédia de costumes.
Publicado por Luiza Pezzotti Pugles

Videoaulas

Artigos Relacionados

Gerações do Romantismo no Brasil
Saiba tudo sobre a primeira, segunda e terceira geração do Romantismo!
Romantismo
e para descobrir o que foi o Romantismo. Leia suas principais características e conheça seu contexto histórico, os principais autores e obras do movimento.