História da África

A História da África é uma história milenar que remonta às origens da humanidade, sendo marcada por uma grande diversidade de povos e culturas.

A História da África é uma história milenar que remonta às origens da humanidade, uma vez que o continente foi o local de origem de diversos grupos de hominídeos, como o Australopiteco e o Homo habilis. Foi lá também que surgiram os primeiros Homo sapiens, há cerca de 300 mil anos. A sedentarização da humanidade também aconteceu na África, durante o Neolítico.

Essa sedentarização deu origem a uma grande diversidade de povos e culturas, sendo essa uma das marcas do continente africano. Ao longo de sua história, o continente africano foi profundamente afetado pelo tráfico de escravizados e pelo imperialismo, que transformou as nações africanas em colônias europeias.

Leia também: Pré-História — o primeiro período da história da humanidade

Resumo sobre História da África

  • A História da África é uma história milenar que se iniciou com o surgimento dos primeiros hominídeos.
  • Na África surgiram o Australopiteco e o Homo habilis, além de ter sido o local de surgimento do Homo sapiens.
  • A sedentarização aconteceu na África durante o Neolítico, permitindo o surgimento de diversos povos e culturas.
  • A história africana foi fortemente marcada pelo comércio de escravizados, que atendia a demanda de árabes e europeus.
  • A partir do século XIX, a África foi invadida pelas potências industrializadas da Europa e transformada em colônia dessas nações, ando por um processo brutal de exploração.
  • Atualmente, a África a por um significativo processo de desenvolvimento econômico, embora ainda sofra com a desigualdade social e com a pobreza em diversas partes do continente.

Qual a origem do povo africano?

A África é um continente marcado por uma grande diversidade étnica e cultural. Assim sendo, não existe um povo africano enquanto um grupo monolítico, mas existem povos africanos, cada qual com seu modo de vida. Dito isso, o continente africano foi o berço da humanidade, uma vez que os primeiros hominídeos surgiram nesse continente.

Atualmente, consideramos que a África foi o onde aconteceu o processo de hominização, em que os primatas foram gradativamente evoluindo para espécies de hominídeos. O primeiro hominídeo de que temos conhecimento atualmente foi o Australopithecus, que remonta a 3,7 milhões de anos atrás.

Na África também surgiu o Homo habilis e lá se iniciaram as primeiras ondas migratórias de hominídeos para a Ásia e Europa, há um milhão de anos. Na África também surgiu o primeiro Homo sapiens, há cerca de 300 mil anos. A partir disso, os grupos humanos foram dando origens a diversas culturas espalhadas por todo o continente.

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África na Pré-História

Durante o Período Mesolítico, isto é, entre 15 mil e 12 mil anos atrás, os historiadores identificaram uma melhora nas técnicas utilizadas para a fabricação de utensílios diversos. Nesse período também ou a ser utilizado o arco e flecha no continente africano, garantindo mais precisão aos grupos humanos no momento da caça.

Já no Período Neolítico, entre 12 mil e cinco mil anos atrás, os seres humanos começaram a produzir objetos de pedra polida, e as primeiras comunidades sedentárias começaram a se estabelecer em partes do continente africano. Com isso, tem-se o registro de grupos humanos que adotaram a pecuária e a agricultura como principais formas de sobrevivência.

Essa mudança garantiu importantes mudanças na organização social dos diversos grupos humanos que habitavam o continente. A nova realidade permitiu o surgimento de diversas aldeias, e a divisão do trabalho permitiu que grupos distintos dos agricultores e pecuaristas surgissem, como os guerreiros.

Com o tempo, o modo de vida e a engenhosidade humana deram origem a novas técnicas, como a metalurgia. Evidentemente, nem todos os grupos humanos adotaram um estilo de vida sedentário, pois certas regiões do continente, como a região do Saara, impediam que isso fosse possível. Além disso, é importante pontuar que os avanços e mudanças no modo de vida não eram homogêneos, e cada região da África se desenvolveu em seu próprio ritmo.

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Tráfico de escravos na África

A escravidão era uma prática comum na humanidade e no continente africano se desenvolveu já na Antiguidade. Os egípcios, por exemplo, mantiveram escravizados durante o auge de sua civilização no nordeste africano. Apesar da instituição da escravidão existir em todas as partes da África, ela se tornou mais comum a partir do incentivo de árabes e europeus.

A escravidão entre povos africanos era comum e a forma mais tradicional disso acontecer era por meio da guerra. Quando diferentes povos entravam em guerra, os derrotados poderiam ser levados como prisioneiros. Tradicionalmente, juntavam-se à comunidade que os escravizou, realizando, principalmente, trabalhos agrícolas. Contudo, esses escravizados eram incluídos na comunidade que os escravizava com o tempo, sendo assimilados gradativamente.

A partir do século VIII, a islamização do Norte da África trouxe um incentivo ao comércio de escravizados no continente africano. Os árabes usavam os africanos escravizados em diversas atividades, como agricultores, artesãos, auxiliares nas caravanas, e estima-se que milhões de africanos tenham sido vendidos aos árabes como escravos.

Gravura representando uma caravana árabe transportando escravos africanos pelo Saara.
Gravura representando uma caravana árabe transportando escravos africanos pelo Saara.

O comércio de escravos com os árabes fez com que os diferentes povos africanos desenvolvessem uma nova relação com a escravidão, estabelecendo-se um grande comércio que buscava unicamente o lucro com a venda de seres humanos. A partir do século XV, foi a vez dos europeus se estabelecerem como clientes desse comércio.

No contexto das grandes navegações, diferentes povos europeus ampliaram o seu contato com povos africanos, e logo se estabeleceu o comércio de escravizados como uma das atividades praticadas. Antes mesmo da colonização da América, cidades europeias como Sevilla e Lisboa já possuíam grande quantidade de africanos escravizados.

O comércio com os europeus deu um novo incentivo ao comércio de escravos, fazendo com que muitos povos africanos entrassem em guerra uns com os outros unicamente para obter prisioneiros para serem vendidos como escravos. Os reinos de Daomé e Ashanti, por exemplo, prosperam bastante com o comércio de escravos.

Estima-se que mais de 40 milhões de pessoas tenham sido capturadas como escravas no continente africano entre os séculos XVI e XIX, dos quais cerca de 12 milhões chegaram às Américas. Os africanos escravizados eram trazidos para a América em embarcações conhecidas como tumbeiros e eram sujeitos a condições degradantes.

Representação de um navio negreiro transportando escravizados africanos para a Europa e América.
Representação de um navio negreiro transportando escravizados africanos para a Europa e América.

Colonização da África

Nas grandes navegações, a expansão marítima fez com que os europeus se estabelecessem em determinadas partes do continente africano, como a presença portuguesa em Angola, por exemplo, mas foi a partir do século XIX que a presença europeia se tornou uma iniciativa de colonização.

  • Imperialismo na África

O imperialismo é entendido como a intervenção e expansão europeias sobre o continente africano a partir do século XIX. O desenvolvimento industrial europeu trouxe a necessidade contínua por matérias-primas e por novos mercados consumidores. Isso fez com que o continente africano fosse invadido pelas potências europeias.

As nações europeias que conquistaram colônias no continente africano foram a Inglaterra, França, Bélgica, Itália, Alemanha, Portugal e Espanha. Esse ciclo imperialista se iniciou na primeira metade do século XIX, ganhando força na segunda metade desse mesmo século e tendo o seu período auge entre os anos de 1884 e 1914.

  • Partilha da África

A invasão europeia no continente africano resultou no que ficou popularmente conhecido como Partilha da África. A divisão do continente africano entre as potências europeias foi concretizada em um evento chamado Conferência de Berlim, que aconteceu entre 1884 e 1885. Nesse evento, foram debatidos os territórios a serem ocupados por país, bem como a questão da navegação de dois importantes rios no continente africano.

A ocupação da África resultou em uma exploração brutal dos recursos do continente e de suas populações. Um dos casos mais simbólicos do grau de exploração e violência dos europeus no continente africano foi o Congo Belga. Essa região, localizada na África Central, foi alvo de uma grande exploração belga para a extração de marfim, látex e ouro.

Na extração de látex, por exemplo, os trabalhadores africanos recebiam cotas diárias de extração e, caso não alcançassem a meta, eram vítimas de violências brutais. Um dos castigos mais comuns era a prática de decepar a mão ou o braço dos trabalhadores que não cumpriam as suas cotas. A violência belga no Congo foi tão grande que os historiadores estimam que os belgas podem ter sido responsáveis pela morte de até 10 milhões de pessoas em sua colônia. Para saber mais sobre a partilha da África e suas consequências, clique aqui.

Principais conflitos na História da África

Ao longo da história, diversos conflitos aconteceram e ainda acontecem no continente africano. Esses conflitos foram causados por diversos motivos e em diferentes momentos da história. Aqui separamos cinco grandes conflitos que aconteceram na História da África:

  • Conflitos envolvendo os egípcios e os hicsos;
  • Guerras Púnicas (264-146 a.C.);
  • Guerra Anglo-Zulu (1879);
  • Segunda Guerra dos Bôeres (1899-1902);
  • Guerra dos Hererós (1904-1907);
  • Guerra Ítalo-Étíope (1935-1936);
  • Guerra de Independência da Argélia (1954-1962);
  • Guerra de Independência de Angola (1961-1975);
  • Guerra Civil Ruandesa (1990-1994);
  • Guerra Civil Somali (1991-);
  • Guerra do Darfur (2003-2020)

Leia também: Genocídio em Ruanda — massacre ocorrido durante a Guerra Civil Ruandesa

História da África x História do Brasil

As histórias africana e brasileira se cruzam a partir do momento que milhares de africanos começaram a ser trazidos ao Brasil escravizados. Ao Brasil vieram escravizados de diferentes partes da África, como os oriundos das regiões do Daomé e Costa da Mina, além de virem os de origem banto, oriundos do Congo e de Angola. Houve também um número significativo de africanos da região de Moçambique.

A cultura brasileira foi fortemente influenciada pela cultura africana, e essa influência pode ser percebida nas danças, na religiosidade, na música, no idioma, na culinária, nas festas etc. O legado da cultura é evidente na formação da cultura brasileira. Infelizmente essa assimilação da cultura africana no Brasil se deu no contexto da escravização de milhões de pessoas.

África na atualidade

Atualmente, a África segue marcada por sua grande diversidade étnica e cultural. O continente africano é rico e diverso, mas ainda sofre consideravelmente com a pobreza e a miséria, tendo índices de desenvolvimento humano muito baixos. Por conta disso, há problemas de todas as ordens em muitas nações do continente, como falta de saneamento básico, alfabetização e sistema educacional precários, subnutrição, entre outros.

Há também um grave problema com endemias, isto é, doenças que são recorrentes e afetam milhares de pessoas, como a ebola e o HIV. Apesar disso, o continente africano tem ado por um grande crescimento populacional e um significativo desenvolvimento econômico, principalmente por conta de investimentos estrangeiros (em sua grande maioria, chineses).

Nações como África do Sul, Ruanda, Quênia e outras têm ado por um grande desenvolvimento econômico, vendo sua infraestrutura e tecnologia se desenvolverem consistentemente. Apesar disso, a desigualdade social e a desigualdade de gênero ainda são problemas graves, pois há violações de direitos básicos das mulheres, assim como ainda há milhões de pessoas submetidas à pobreza severa.

No aspecto econômico e político, o continente africano ainda é alvo de muitas interferências estrangeiras, sobretudo das potências ocidentalizadas, interessadas em explorar os recursos do continente. Isso colabora para a formação de governos autoritários e para a recorrência de golpes militares no continente.

A corrupção também é um problema significativo para os governos africanos, assim como os conflitos internos entre nações e entre grupos do mesmo país. Ainda, há o crescimento de grupos fundamentalistas, como o Boko Haram, na Nigéria, e o Al-Shabab, na Somália.

Cultura africana

Novamente, é impossível em falar em uma cultura africana, o que existem são culturas africanas, pois as influências e a diversidade no continente africano são enormes. De toda forma, no senso comum, as culturas africanas são conhecidas por suas origens tribais, pelo uso de cores vibrantes e pelas suas danças.

Uma característica que engloba muitas culturas africanas é a importância de rituais, como ritos de agem, e sua celebração por meio de músicas e danças. Essa forma de celebrar também está fortemente presente nas religiões tradicionais do continente africano. Falando em religiosidade, o respeito aos anciões e ancestrais é uma marca de diversas culturas africanas.

Uma divisão muito importante no continente africano é a que o divide em África Saariana e África Subsaariana (abaixo do Saara). A cultura subsaariana costuma ser mais rica em diversidade e se dividir fortemente entre influências religiosas tradicionais, cristãs e muçulmanas. A cultura saariana, por sua vez, é fortemente influencia pelo islamismo.

O uso de objetos como máscaras de madeira é uma característica muito forte dos rituais realizados por diversos povos africanos. Os instrumentos de percussão também são uma característica muito tradicional da cultura africana. Mais recentemente, a influência de ritmos estrangeiros, como o hip hop tem dado origens a novas representações culturais.

Leia também: Pan-africanismo — ideologia que defende a união dos povos africanos e dos afrodescendentes

Exercícios sobre História da África

Questão 01

O país mais novo do continente africano surgiu em 2011 após um conflito de duas décadas. Estamos falando de que país:

a) Namíbia

b) Eritreia

c) Eswatini

d) Sudão do Sul

e) Líbia

Resposta: Letra D

O Sudão do Sul, independente em 14 de julho de 2011, é a nação mais nova do continente africano. O surgimento da nova nação foi confirmado por um referendo e foi resultado de um conflito separatista que aconteceu no Sudão de 1983 a 2005.

Questão 02

O comércio de africanos escravizados foi uma atividade incentivada no continente africano por meio da influência de quem:

a) árabes e mongóis

b) mongóis e tártaros

c) árabes e europeus

d) egípcios e berberes

e) ameríndios e polinésios

Resposta: Letra C

A demanda árabe e europeia por africanos escravizados fez com que o comércio de escravos se estabelecesse como uma grande atividade econômica no continente africano durante séculos.

Créditos da imagem

[1] LawrenceTsaoneBahiti / Shutterstock

Fontes

MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2020.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013.

Dança tradicional em Botsuana, uma referência à história e cultura africana.
A África e sua história são marcadas por uma grande diversidade de culturas e povos.[1]
Publicado por Daniel Neves Silva

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